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Contos de Instante

Uma imagem de relance e uma ideia de instante. Esta é a proposta dos Contos de Instante, perfil que tenho no Instagram (@contosdeinstante). A qualquer momento, uma imagem pode dar uma boa história. Divirta-se!

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João dos Confeitos

João dos Confeitos

Levava a banquinha de armar nas costas e, nas sacolas, um tanto de arroz doce, paçoca e munguzá. Eram mais que confeitos. Carregava nos braços o sustento de amanhã.

O que vou ser

O que vou ser

João estava frustrado. Toda vez que lhe perguntavam o que queria ser quando crescer era um tal de 'médico, engenheiro, dentista ou advogado'. Ele queria mesmo era ser peixe. Adorava ficar debaixo d'água.

Trato

Trato

Todo mês visitava a família no interior. A maior parte do tempo dedicava às invencionices com os sobrinhos. Despediu-se da molecada com um tratado: 'ninguém cresce até eu voltar, combinado?

Infante

Infante

Por mais que os anos tivessem passado rapidamente, uma parte dele teimava em ficar nos 6. Esperava ter em 2015 mais um feliz ano velho.

Norte

Norte

Sonhava em ser dono do próprio nariz. Comprou um taxi e encontrou a independência fazendo o caminho dos outros.

Paladino da Justiça

Paladino da Justiça

Ele tinha uma identidade secreta e a certeza de sua vocação para lutar contra o crime. Titubeava apenas quando levava bronca por desenhar na lição de casa...

Sexta-Feira

Sexta-Feira

Dia de terreiro. Seu José tinha tudo preparado. Tambores afinados, velas acesas, muita renda branca no salão. Mas cadê a cachaça? Tinguinha, de novo o danado do Tinguinha... seu moleque mais novo fugiu com a garrafa da branquinha. Seu José era homem de bem. Só não era pai de santo...

Possibilidades

Possibilidades

Largou o último ano de arquitetura, os filhos choravam o tempo todo, o marido trabalhava até tarde, as amigas ainda estavam solteiras, ela não sabia mais o que era um salão de beleza e lutava, sem muito afinco, contra os sete quilos que ganhou no último ano. Doses de martini durante a tarde e olhar o vizinho exibicionista pela janela foi o que restou dos planos de aventura.

Fast no Food

Fast no Food

Passava de uma da tarde e os três sobrinhos pequenos tinham fome. Típico solteiro de geladeira vazia e sem habilidades culinárias, encontrou uma batata e improvisou.

Tempo

Tempo

Seu João Esperancini sabia que na vida as coisas tinham tempo certo. Era admirável como não se angustiava em aguardar. Essa 'serenidade compassada', dizia ele, herdou de seu pai, maestro da banda sinfônica de uma pequena cidade da Paraíba.

Teto

Teto

Ele e ela ficaram ali, deitados no chão mesmo, de mãos dadas, admirando o telhado. Era apenas um telhado. Mas não para eles. Nada se comparava à sensação de dormir pela primeira vez sob o próprio teto.

Dia das Mães

Dia das Mães

Último atendimento do dia. Lençóis ainda desarrumados. Tomou uma ducha e correu para comprar o presente de Natal do filho. Vivia atrasada pela carga da jornada dupla, como muitas mães pelo Brasil.

Ter

Ter

Ao fim de suas jornadas, invés de ouro e fama, encontrava Juliana, sempre ao seu lado. Ele não podia ter riqueza maior.

Menu de vó

Menu de vó

Toda vez que sua avó fazia 'galinha a cabidela', Pedrinho imaginava uma galinha sentada numa cadeira. Achava que 'cabidela' soava como um tipo de cadeira, talvez de balanço. Mas no almoço de hoje, a receita era 'galinha escabelada'. Ele gostara do prato, mas quando a avó perguntou sua opinião, foi incisivo: 'ainda não sei o que pensar dessa galinha, vó'

Amor

Amor

Ela decidiu se entregar. Estava preparada e se amavam. Mas descobriu que ele tinha ainda menos experiência.

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Pegou a última onda da série e mandou bem. A galera vibrava. Foi saindo do mar, mulherada bonita na praia. Em especial, a Claudinha, que tanto cobiçava. Ela veio ao seu encontro com aqueles olhos azuis e pele dourada. Lhe deu um abraço de parabéns e, enfim, o primeiro beijo na boca. Era o dia perfeito. O sol estava radiante e ele sentia a água morna do mar escorrendo nas pernas. Acordou todo mijado numa segunda-feira, atrasado para a reunião das 9:00h. Dia de apresentar números da contabilidade.

Pensamentos

Pensamentos

Enfim tornara-se um adulto. Casado, pai de familia, bom emprego, responsabilidades. Mesmo assim, as invencionices de criança não lhe saíam da cabeça

Jardim

Jardim

Criança de interior. Daquelas que vivem soltas no quintal. Entrou correndo no apartamento do tio, na capital. Foi de um quarto pro outro. Passou pela sala de TV, de jantar e pela cozinha. Viu todos os banheiros e a lavanderia. Chegou na sala de estar esbaforida e perguntou: 'tio, onde é lá fora?

Memória

Memória

Mesmo sob o risco da profissão, Antonio sentia-se seguro em dias de chuva pela lembrança de sua infância em Calçoene, a cidade que mais chove no Brasil

Adeus

Adeus

Dessa vez ele fora longe demais. Ela pegou os três filhos, alguns pertences e saiu pela porta para nunca mais voltar. Atônito, ele apenas observou. Sentia-se mesmo um cara sem escrúpulos.

Pés na Areia

Pés na Areia

Olhou os pés na areia e, por um momento, lembrou das suas últimas férias em um resort. Desmaiou em seguida, vencido pela exaustão de ter nadado quase uma hora do naufrágio até aquela pequena ilha em algum lugar do Atlântico

Nome de Rua

Nome de Rua

Queria ser outra coisa. Uma cachoeira imponente, um rio caudaloso ou mesmo uma cândida geleira. Mas a vida a fez rua: estática, nem mesmo sinuosa. Restava a esperança de ter personalidade forte. Talvez uma grande estadista, uma pioneira ou artista. Mas foi de 'Pombo' que foi nomeada

Gorila

Gorila

Para alguns, ele era obcecado, até mesmo neurótico. Diziam que ele via bananas em tudo! Como aquela pendurada ali atrás...

Rurais

Rurais

Por fora, era um ônibus de bóia fria. Mas lá dentro, na imaginação de Zé Bento, eles viajavam em turnê com sua banda "Os Rurais".

Coelho

Coelho

Nunca se achou fofinho ou felpudo. Para ele, entregar ovinhos de chocolate era uma coisa de maricas. Enfim estava feliz com o que fazia. No fundo, sempre foi um coelhinho safado e libidinoso.

Olho

Olho

O que irritava profundamente era o fato de ser um olho mágico e, do ponto onde observava as coisas, nada de mágico realmente acontecia...

Nonas

Nonas

Todos os dias, as mesmas quatro velhinhas sentavam em frente aquela agência bancária na Liberdade. Comiam bolachas de maizena, viam o povo passar e tagarelavam sobre a vida dos outros. Essa falta de foco atrapalhava muito. Fazia anos que não chegavam a um consenso sobre qual o melhor plano para o assalto.

Fartura!

Fartura!

Achou o pensamento meio besta mas, mesmo assim, começou a rir sozinho: "eram os maiores melões que já teve em suas mãos até hoje

Vocação

Vocação

Desistiu de cortar os pulsos porque não podia ver sangue. De se enforcar pois seria meio sufocante. Da overdose de pįlulas porque nunca usou drogas e não ia começar agora! E bem ali, prestes a pular do topo do prédio, descobriu que tinha pavor de altura. É, talvez suicídio não fosse mesmo a sua praia...

Ideia

Ideia

Publicitário dedicado, tentava de tudo pra arrancar uma boa ideia da cabeça...

Do chão

Do chão

Estirado no chão, notou que a cidade, lá de cima, o observava. Nada fez muito sentido até aqui. E continuaria sem fazer nos minutos seguintes de sua vida. Sangrou na rua até deixar de existir. E a cidade, inerte, continuou observando...

Solteira.

Solteira.

Ela era uma loira linda, inteligente e espirituosa. Mesmo assim, continuava solteira. Sua profissão assustava os homens. Relacionamentos eram difíceis para uma contorcionista.

Cracker

Cracker

Apesar de se achar a última bolacha do pacote, era meio murcha e insossa, acusavam as más línguas. Não ligava a mínima. Tinha a maturidade de assumir que aquilo tudo era a mais pura verdade.

Sapríncipe

Sapríncipe

Para umas, ele era sapo. Para outras, um príncipe. Ele mesmo já não se entendia mais...

Presente pra Sogra

Presente pra Sogra

A sogra sempre quis um bicho de estimação. Ele não podia estar mais feliz em realizar o sonho dela...

Pardal

Pardal

Pardal teimoso como só! De nada adiantaram os alertas dos amigos. Entrar na muvuca para pular Carnaval não era uma boa ideia para um pássaro de pernas tão curtas...

É Carnaval!

É Carnaval!

Atrás das grades, mas em todos os noticiários, confessou que a ideia nasceu quando descobriu que Carnaval significava "festa da carne".

Folia!

Folia!

Enfim o Carnaval! A única época do ano que podia sair às ruas sem assustar as pessoas e ainda receber elogios por onde quer que passasse. Fora isso, era muito solitária a vida de uma boneca possuída.

Pano

Pano

É uma boneca de pano? Você pode até se perguntar, mas não queira saber do que ela realmente é feita por dentro. Não há boneca mais decidida e determinada naquela brinquedoteca!

Chiquita

Chiquita

Chiquita bacana lá da Martinica! Se veste com uma saia Dior, camisetinha Gucci e sandálias Christian Louboutin. Em seu terceiro casamento, Chiquita queria mesmo era do bom e do melhor neste Carnaval...

É Carnaval!

É Carnaval!

Aquilo o incomodava profundamente! Eram para ser confetes, não estrelas! Confetes eram redondinhos, simétricos! Não tinham aquelas pontas irritantes! Pegou uma tesoura e passou a noite toda aparando as estrelas no chão do salão! Carnaval não era uma data fácil para um folião com TOC.

Homenagem

Homenagem

Ele era o ídolo unânime de todas as bonecas. Alimentava seus mais profundos sonhos. E neste Carnaval, ela teve a ideia de homenageá-lo. Foi para o baile fantasiada de Gepeto.

Mão amarela

Mão amarela

-Foi você? - Eu não! Fui eu não! Tá querendo botar a culpa em mim, é? Acho que foi você, isso sim! - Imagina! Juro que não fui eu! - Ué, que estranho... Então de onde tá vindo esse cheiro de churrasco?

Amor de galo

Amor de galo

Ele se amarrava em bicos. E ela tinha um bico lindo, esguio, um tanto exótico. Eis que o galo se apaixonou pela chaleira. É, amigos... isso, na vida, acontece...

Eu sou eu

Eu sou eu

Há um instante, lagarta. E agora sua beleza era exuberante. Mas por dentro, se considerava a mesma. Sempre a mesma

Teia

Teia

Teceram a teia e armaram as três cadeiras. Agora restava sentar e esperar, pacientemente, pelas presas. Não era à toa que aranhas eram muito fofoqueiras!

Love Carijó

Love Carijó

Viviam enxotando-a da sala. Mas ela insistia em voltar. As amigas a apelidaram de D'angola, mesmo sendo uma legítima galinha caipiria. Ela reconhecia, o apelido era justo. Ela era mesmo fraca. Bastava ver um rostinho bonito, apaixonava-se. Caso do galo de louça, no centro de mesa da sala de jantar da fazenda. Êita galinho difícil, que sequer olhava pra ela...

Zé do Bucho

Zé do Bucho

Ele era o único caboclo que eu conheci que tinha um apelido ao quadrado! Isso mesmo, como na matemática. Era conhecido como o seu Zé do Bucho. Na feira, vendia o melhor bucho da região. E os fins de semana, nunca passava sozinho! Encarava qualquer bucho que aparecesse pela frente...

After hours

After hours

Era a quinta vez que ela ressuscitava. Quem tem, sabe. Insônia é uma merda, mesmo...

Boneca Possuída

Boneca Possuída

O fato mais difícil em ser uma boneca endemoniada não era o medo que as meninas tinham dela. Era o torcicolo danado de dolorido que tinha após cada possessão!

© by Fernando Diniz.

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